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sexta-feira, 10 de junho de 2011

aranha aquática

Bolha de ar construída por aranha mergulhadora funciona como 'guelra'

Estudo revelou que teia que aracnídeo constrói e enche de ar absorve oxigênio difuso na água e elimina monóxido de carbono.

A teia que aranhas mergulhadoras constroem e enchem de ar para formar uma bolha funciona como uma guelra de peixe, permitindo que os aracnídeos permaneçam embaixo da água por longos períodos de tempo, revelou um estudo.
A espécie, conhecida como Argyroneta aquatica, habita pequenos lagos e riachos de pouca correnteza na Europa e Ásia.
Elas passam praticamente toda a vida sob a água, se acasalando, colocando ovos e capturando suas presas em suas bolhas.
A aranha 'Argyroneta aquatica' (Foto: Stephan Hetz / via BBC) 
 
A aranha 'Argyroneta aquatica' (Foto: Stephan Hetz /
via BBC)
Em estudo publicado na revista científica Journal of Experimental Biology, cientistas mediram a quantidade de oxigênio dentro e também na área externa em torno da bolha.
Eles concluíram que a bolha funciona como uma guelra, extraindo oxigênio dissolvido na água e dispersando dióxido de carbono acumulado no interior.
O mecanismo permite que elas subam à superfície apenas uma vez por dia ou menos, em vez de a cada 20 ou 40 minutos, como se pensava anteriormente.
Experimento
As teias de seda da aranha mergulhadora são construídas em meio à vegetação subaquática.
Para encher sua "cápsula de mergulho" com ar, as aranhas usam pêlos finos presentes em seu abdômen para transportar bolhas de ar da superfície para baixo.
Para compreender com que regularidade as criaturas reabastecem suas bolhas, os especialistas em invertebrados Roger Seymour e Stefan Hetz coletaram espécimes encontrados no rio Eider, na Alemanha.
No laboratório, eles criaram um lago artificial simulando as condições encontradas em uma lagoa de água parada e rica em vegetação em um dia quente de verão.
Usando um aparelho chamado optodo, os pesquisadores mediram as diferenças em níveis de oxigênio dentro da bolha e na água em torno dela, identificando uma troca de gases semelhante à que é realizada pelas guelras de animais que respiram embaixo da água.
"Foi necessário usar os minúsculos optodos sensíveis ao oxigênio", disse Seymour. O especialista explicou que esse tipo de instrumento só ficou disponível nos últimos cinco ou dez anos.
"À medida que a aranha consome o oxigênio do ar dentro da cápsula, ela diminui a concentração de oxigênio no interior", prosseguiu.
"O oxigênio pode descer abaixo do nível de oxigênio dissolvido na água. Quando isso acontece, oxigênio da água pode ser direcionado para dentro da bolha", explicou o cientista.
"O dióxido de carbono que a aranha produz não é um problema, porque é facilmente dissolvido na água e nunca se acumula", concluiu.
Bolha funciona como cápsula de mergulho (Foto: Stephan Hetz / via BBC) 
 
Bolha funciona como cápsula de mergulho
(Foto: Stephan Hetz / via BBC)
Nitrogênio
As aranhas mergulhadoras têm, no entanto, de lidar com um problema que não aflige animais que usam guelras para absorver oxigênio da água e eliminar o dióxido de carbono: o que fazer com os outros gases contidos no ar que carregam para o interior da bolha.
"Se você absorve um dos gases de uma mistura de gases no interior de uma bolha, a concentração dos outros gases aumenta", disse Seymour.
"O oxigênio é tirado da bolha, e como o CO2 não se acumula, isso faz com que o nitrogênio na bolha aumente em concentração".
Na medida em que o nitrogênio da bolha se dispersa, a estrutura começa a desmoronar, mas isso acontece lentamente -- segundo as observações dos cientistas, o processo demora mais ou menos um dia.
"A aranha é capaz de ficar na cápsula de mergulho em dias muito quentes, quando seu metabolismo é maior? do que o normal, se a água for bem oxigenada", explicou Seymour.
Isso significa que ela não precisa retornar à superfície com frequência, evitando o risco de ser pega por predadores como pássaros.
Os períodos prolongados de mergulho também permitem que as aranhas esperem, sem ser perturbadas, pela passagem de suas presas.

domingo, 5 de junho de 2011

Práticas amenizam sofrimento de aves e porcos durante abate

Cada vez mais o mercado busca alternativas para o bem-estar dos animais.
A intenção é produzir carne com menos sofrimento.

A carga é pesada, mas delicada. Afonso Roque, que faz transporte de suínos há 16 anos, sempre soube disso. Mas foi depois de um curso sobre bem-estar animal que ele passou a pisar mais leve. “Tem que ter cuidado senão amontoa os porcos”, diz.
Afonso Roque faz parte de um grupo de quase duas mil pessoas que já receberam treinamento do Steps, o Programa Nacional de Abate Humanitário da WSPA, a Sociedade Mundial de Proteção Animal, em parceria com o Ministério da Agricultura.
A adesão aos princípios do abate humanitário não é obrigatória, mas o comércio internacional está ficando cada vez mais exigente quanto às regras de bem-estar animal. A União Europeia, por exemplo, anunciou que a partir de 2012 vai deixar de importar carne de produtores que não respeitarem as normas.
O Steps já passou pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Além de motoristas como Afonso, vários profissionais ligados à área de produção da carne podem participar.
Desde 2008, uma instrução normativa do Ministério da Agricultura estabelece procedimentos de boas práticas de bem-estar para animais de produção.
As normas do abate humanitário começam ainda na granja. No caso das aves, que são animais muito delicados, a apanha é uma das etapas mais importantes do programa de bem-estar, tanto que na região nem os produtores participam do embarque dos animais. Ele é feito por equipes treinadas especialmente para isso.
As equipes são contratadas pelos frigoríficos, que perceberam que o momento de tirar os frangos da granja é fundamental para garantir a qualidade da carne.
“A maneira correta de colocar o frango dentro da caixa é pegar um por vez, pelo dorso, sobre as asas e colocá-lo de frente para o fundo da gaiola para ele não retornar para fora. Não pode pegar pela asa, pelo pescoço, pelas pernas porque aí causa hematoma e quando ele chega na indústria, pode haver problema na qualidade da carcaça”, explica Valdemir Viceli, técnico em agropecuária.
As aves são embarcadas com cuidado em caixas que devem permanecer fechadas durante todo o trajeto para evitar que elas tentem fugir no caminho.

De acordo com os princípios do bem-estar animal, a espera entre a chegada e o abate deve ser de no máximo uma hora. Por isso, os frigoríficos devem ter uma área de descanso: um local fresco e ventilado, com controle de temperatura e umidade.
Em um frigorífico, a sala de abate das aves tem luz azul, fraca, para tornar o ambiente mais calmo. A linha de pendura é automatizada e o método de insensibilização é o de cubas elétricas.
A ave leva um choque, para perder a consciência e não sentir dor na hora da degola. Elas são penduradas pelas pernas, ainda conscientes em ganchos de metal, e são mergulhadas em uma cuba com água por onde passa uma corrente elétrica. O choque causa um efeito temporário de inconsciência e insensibilidade à dor. A morte será causada pela sangria e não pelo choque.
Para a indústria, é vantagem que o bem-estar seja cumprido. Animal que leva pancada ou tem a asa quebrada significa prejuízo.
O programa do Steps para suínos tem os mesmos conceitos e o bom manejo até a sala de abate é muito enfatizado.
A rampa de descida deve ter uma inclinação de no máximo 15 graus e as laterais precisam ser cobertas para o animal não se distrair.
Para convencer os animais a descer do caminhão, os funcionários usam ar comprimido. O barulho assusta e os porcos andam. Para conduzi-los até as baias, tábuas de plásticos ou cortinas bloqueiam a visão do animal. O piso tem que ser antiderrapante e as pessoas que lidam com os animais precisam ter tranquilidade.
Essas mudanças de lugar, da granja para o caminhão, para o frigorífico, costumam ser muito estressantes para os porcos. Por isso, eles precisam de descanso, em área apropriada, com espaço, temperatura controlada, água à vontade e subdivisões nas baias.
A insensibilização dos porcos é parecida com a das aves. Mas sem água. O animal recebe uma corrente elétrica através de dois eletrodos na cabeça e um na altura do coração. O equipamento deve estar sempre ajustado para evitar falhas e um funcionário observa animal por animal para ver se ele realmente foi insensibilizado. Se o sistema não tiver funcionado, é preciso usar um sistema manual. Um inspetor do Ministério da Agricultura acompanha o trabalho para ver se as normas de bem-estar estão sendo cumpridas.
O gerente geral de um frigorífico em Seara, Santa Catarina, diz que o consumidor já consegue identificar uma carne produzida segundo as normas de bem-estar animal. “As agroindústrias precisam se adequar para dar qualidade à carne e conseguir entregar um produto que o mercado externo exige, não esquecendo o mercado interno que é uma fatia de mercado muito importante”, diz Lery Cosmann.
A veterinária Charli Ludke, coordenadora do Steps, explica que o programa de abate humanitário também está acontecendo na China e que os recursos para o treinamento vêm através de doações.
O programa de treinamento de abate humanitário deve ser levado ainda este ano a Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas, Goiás, Bahia, Pará e Rondônia.